Era restrito à família e poucos amigos até que, com pesquisas e registros fotográficos, percebi a importância de abrir o Nazareth Eco e suas belezas para que um maior número de pessoas possam apreciá-los.
Eu sou a 4a geração que cuida do Nazareth, adquirido por meu bisavô* ainda no século XIX. Hoje contamos com 1.164 hectares dos quais 1.012 de área protegida de Reserva Legal que está a apenas 4km de uma cidade com 40 mil habitantes, numa linha tênue entre gente e vida selvagem.
Aqui é um lugar cheio de magia; conta com 13 serras e pequenos morros que servem de barreira contra incêndios florestais. Essas elevações provavelmente auxiliaram na preservação das 270 espécies de aves existentes.
Agora é possível praticar as mais diversas atividades ao ar livre alem de fotografar vida selvagem em rotas, trilhas, safáris, passarinhadas e desfrutando de uma hospedagem em contato com a natureza.
Dois desafios merecem registro: o primeiro, de combater caçadores que teimam em perseguir animais silvestres seja por vício ou para venda nas cidades vizinhas a apreciadores do seu uso na culinária. Em tempo, faço a sugestão de substituição de um tatu por um belo leitão, um jacu por uma galinha caipira, e de um veado por um cabrito; o segundo desafio diz respeito a incêndios florestais, sejam criminosos, advindos de caçadores, como em decorrência das altas temperaturas e baixas umidades no período da seca. Depois de algumas ocorrências, contamos hoje com uma pequena e treinada Brigada de Incêndios composta de membros da nossa equipe e voluntários do entorno onde formamos uma corrente do bem em que uns protegem os outros na adversidade.
É fato que a cidade invadiu as florestas, o agrobusiness - que produz alimentos para a vida - levou até a zona rural o som das colheitadeiras e motosserras. Mourões e arames farpados delimitaram os espaços. Aves pousam nas estacas, mamíferos e répteis caminham nas estradas.
O campo perde espaço para os encantos das cidades. Essa migração é inevitável em todos os cantos do Planeta, mas este é o mundo em que vivemos: a civilização acuada nos prédios altos, respirando ar contaminado, assistindo na TV a vídeos de desastres ambientais, mudanças no clima, incêndios florestais e espécies selvagens extintas.
Num futuro breve, as maravilhas naturais estarão restritas ao Parques Nacionais, Estaduais, Reservas Particulares, Reservas Legais e aos zoológicos, o que nos leva a crer na importância de ampliarmos as áreas privadas protegidas. Foi o que fizemos no Nazareth Eco.
Sejam bem-vindos bem como sintam-se convidados agora e sempre a ver de perto as maravilhas criadas por Deus e cuidadas por nós.
João Freitas Filho - 4a Geração
(*) José de Freitas, meu bisavô, foi Prefeito de José de Freitas (antiga Vila Livramento) e foi o autor das Leis Municipais da Vila de número 12, de 1895, de preservação dos carnaubais, e números 28, 29, 30 e 31 de 1906, de preservação das matas, das palmeiras de babaçu, de preservação das terras e das madeiras do município. Como Deputado, foi autor da Lei Estadual no 442, de 5/07/1907, de preservação da carnaubeira no Estado do Piauí e sancionada pelo então Governador Álvaro Mendes.